sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!

Passarinho é um poema de Deus. Deus é poeta, você sabia?
Que você faça deste ano que está pra acabar, um lugar doce onde canta o sabiá
Que o próximo ano não seja à toa, à toa como os dias das andorinhas
E sim que ele seja guiado pela trilha sonora de pardaizinhos cantando à toa
Porque as coisas ruins, passarão. As boas, passarinho.


Passarinho em aplique de tecido



Inspirações:
Frase 1: autoria de Fernando Sabino
Frases 2, 3, 4 e 5: alusão aos poemas de, respectivamente:
Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Galldino Octopus e Mario Quintana.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Lolô,

Certa vez você escreveu:

Ma que bela criatura, linda linda
Cria e costura...”

Hoje, descobri esse quadro de Renoir. O pai dele era alfaiate, e sua mãe era costureira. Seu nome? Marguerite.
Renoir disse certa vez:
“Numa manhã, um de nós já não tinha preto, e assim nasceu o Impressionismo.”
Não seria fantástico se todos nós acordássemos em certa manhã, livres de todas as nossas escuridões, como rebentos destinados a coisas Impressionantes?

por Renoir

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Drummond em Grafo

Um grafo é uma representação gráfica das relações existentes entre elementos de dados. Eles podem ser utilizados para representar diversos problemas ou objetos, mas nenhuma fonte cita que eles podem ser utilizados para representar poemas...
Mas Drummond me inspira, e aí está “Quadrilha”, em forma de grafo:

Quadrilha (Carlos Drummond de Andrade)
 João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Clique na figura para ampliar)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012



(Estadão) Poesia é para ser explicada?

(Djavan)  Não se explica não. Poesia é para ver, ouvir, imaginar.
 Neguinho quer ficar satisfeito apenas lendo. Não dá. Poesia é
 estado de espírito e não está para todos. Poesia é pra sentir.


                                                                                                       (Entrevista na íntegra aqui.)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Pedra de Drummond

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra".
(No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade)


Creio que esse poema do Drummond seja um dos mais criticados pelo mundo afora, mas Drummond é um gênio, e nem todos os gênios são compreendidos...
Se pararmos para refletir, poderemos encontrar centenas de interpretações para a palavra “pedra”.
Listarei apenas 6 interpretações, e deixo para cada um decidir qual foi a espécie de “pedra” que estava no meio do caminho do Drummond.


1)       Para começar, um trecho de Arnaldo Antunes, no qual Pedra tem sinônimo de cérebro, para que abramos nossas mentes:
“Todos eles traziam sacolas, que pareciam muito pesadas. Amarraram bem seus cavalos e um deles adiantou-se em direção a uma rocha e gritou: “Abre-te, cérebro!”.
(Trecho do livro As coisas, de Arnaldo Antunes)


2)      A Pedra como sinônimo de imponência, liberdade, refúgio, encontro e caminho para o Belo:

“Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito manto

Sereia bonita sentada na pedra mais alta
Tô pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
(...)

O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
(...)
Tudo fica confuso de cima da pedra mais alta

(...)
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

(...)

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira em minha metade de volta”.

(A pedra mais alta, d’O Teatro Mágico)



3)      A Pedra como sinônimo de fé:


“A Pedra de Ouro é um dos locais mais importantes para a peregrinação e oração budista. Seu equilíbrio precário é uma maravilha da fé e, diz a lenda, que a pedra é mantida equilibrada no lugar por um único fio de cabelo do Buda.”

(A Pedra de Ouro, Kyaiktiyo, Myanmar (Birmânia). Foto: Steve McCurry).
4)      A Pedra como uma metáfora para descrever o sentimento de perda:
“A prata depois de anos preteja. Assim é a prata.
 A pedra quando afunda turva a água. Assim é a perda.”
(Trecho do livro As coisas, de Arnaldo Antunes)
5)      A Pedra como sinônimo de trilha para algo bom:
“Se fosse fácil achar o caminho das pedras...
 Tantas pedras no caminho não seria ruim”
(Outras frequências, dos Engenheiros do Hawaii)
6)      A Pedra como sinônimo da terrível urbanização:
“Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel...
Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Oh! Oh! Oh!
Eu me perdi
Na selva de pedra
Eu me perdi
Eu me perdi...”
(Homem Primata, dos Titãs)
Para finalizar, algumas definições de “pedra” segundo o dicionário Houaiss (em destaque as com bolinha em azul):

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pela janela da porta

Um vulto através da janela da porta.
Com formas indefinidas, embaçadas, fazendo você imaginar o que quiser.
Assim que o Simbolismo é.
Igual quando você diz "adeus" pra alguém e fica olhando a pessoa se distanciar, distanciar, ficando longe, pequenininha, até se tornar uma mancha confusa, indistinta.
Assim que a distância é.
Ou como o seu pretérito, e as coisas que aconteceram nele. Suas lembranças, memórias, saudades...
Assim que o passado é.

Inspirações:
A imagem acima, furtada do blog “A voz da Lua”, de Mayara Constantino: http://avozdalua.blogspot.com;
Peça teatral “Quem tem medo de Vera?”;
Aulas remotas sobre o Simbolismo;
Machado de Assis.

sábado, 14 de julho de 2012

Terra do Nunca

“Qual o prazo de validade das lembranças?” perguntara Érico Veríssimo.
“E qual o prazo de validade dos sonhos?” poderia qualquer um se perguntar.
Creio que os sonhos surgem como uma faísca e reluzem aguardando a realização. Caso ela não venha, a luz não se apaga, fica acesa em uma paciente fila de espera.
Os sonhos não têm prazo de validade.
Os sonhos não envelhecem.
É como se eles fizessem parte da Terra do Nunca.
Eles nascem e vivem com a mesma vitalidade do primeiro suspiro.
E não morrem. Eles dependem de você para nascer, mas não para morrer.
Você poderá viver por muitos e muitos anos, mas aquele seu sonho sonhado há muito tempo atrás, continuará no seu âmago.
Você é um pássaro preso neste estranho planeta.
Os sonhos são pássaros soltos na Terra do Nunca.

Inspiração:
Mario Quintana.


sábado, 23 de junho de 2012

Doença? Vide livro.

Lá na rua em que eu pensava, tinha uma livraria
bem do lado da farmácia.
Todo mundo ia à farmácia
comprar frascos de saúde.
E depois ia do lado,
para comprar a liberdade.


***


E, desde já, anuncio o tratamento
Sem contraindicação:
Coquetel de palavras organizadas esteticamente
Soro de imagens da alma
Posologia: três vezes ao dia
Enquanto durar a insatisfação.


(O 1° trecho em itálico é o poema  “A farmácia e a livraria”, de Pedro Bandeira.
O 2° trecho em itálico é parte do poema “Anorexia”, de Laura Mota).

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Newton

Se Newton tivesse sentado embaixo de uma árvore de maçã do amor...
A vida de todos os estudantes seria mais doce. E eles seriam mais amáveis.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Tudo e o Nada

Inspirações poéticas, filosóficas, literárias e musicais sobre essas coisas tão contraditórias...


“Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada”.
(Trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector)

*** 

 “Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia. Mas tudo cabe numa palavra, nesta palavra tudo.”
(Trecho do livro As coisas, de Arnaldo Antunes)

*** 

“És como um pássaro que eu subjugo, como um pão
Que eu mastigo, como uma secreta fonte entreaberta
Em que bebo, como um resto de nuvem
Sobre que me repouso. Mas nada
Consegue arrancar-te à tua obstinação
Em ser, fora de mim - e eu sofro, amada
De não me seres mais. Mas tudo é nada.”
(Trecho do poema O amor dos homens, de Vinicius de Moraes)

*** 

“O tudo é uma coisa só.”
(Nome de uma das músicas d’O Teatro Mágico)

***

“Na verdade nada
É uma palavra esperando tradução.”
(Trecho da música Piano Bar, dos Engenheiros do Hawaii)


*** 

 “Spinoza achava que todas as coisas físicas que nos cercam ou que acontecem à nossa volta são manifestações de Deus, ou natureza. O mesmo vale para todos os pensamentos que são pensados. Assim, todos os pensamentos que são pensados também são pensamentos de Deus, ou natureza. Pois tudo é uma coisa só. Tudo é um.

“Podemos ser levados a experimentar, de forma pura e cristalina, o fato de que tudo está relacionado; o fato de que tudo é um. Nosso objetivo é abarcar, num único golpe de vista, tudo o que existe. Spinoza chamava isto de ver as coisas sub specie aeternitatis.
- E o que significa isto?
- Significa ver as coisas sob a perspectiva da eternidade.”
 (Trechos de O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder)

sábado, 5 de maio de 2012

Trabalho, trabalho...

Inspirações poéticas, sociológicas e musicais sobre o "Trabalho", em homenagem ao seu dia:

“E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.”


(Trecho de O operário em construção, de Vinicius de Moraes)

***

“Para A. Marshall, a verdadeira distinção do homem que trabalha, em contraste com o nobre, não seria o fato de trabalhar, nem o fato de trabalhar com as mãos, tampouco o fato de ser assalariado ou de estar sujeito à disciplina superior. O que o distinguiria seria o efeito do trabalho sobre ele. Portanto, sua preocupação era com a brutalização do homem, ele acreditava que em uma sociedade avançada todo homem poderia ser um cavalheiro.”
(Trecho de A atualidade de T. H. Marshall no estudo da cidadania no Brasil, de Lea Guimarães Souki).

***

“O metrô parou
O metro aumentou
Tenho medo de termômetro
Tenho medo de altura
Tenho altura de um metro e tanto
Me mato pra não morrer
Minha condição, minha condução
Meu minuto de silêncio
Meus minutos mal somados
Sadomasoquismo são
Meu trabalho mais que forçado
Morrendo comigo na mão
Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que fomos
E com aquilo que somos nós”


(O Mérito e o Monstro d’O Teatro Mágico)

domingo, 8 de abril de 2012

Naquela cidade morava gente pequena.
Gente que tinha medo da fala, gente que acatava o vento.
Gente que, por medo da bagunça e de tudo o que poderia acontecer depois, preferia a organização.
Os que conseguiam se soltar das amarras da amarga cidade, caíam no mundo: “Mundo Vasto Mundo”.
E, na porta de entrada do “Mundo Vasto Mundo” havia uma inscrição que simplesmente deixavam boquiabertos os que ali chegavam:
“Faz o que tu queres
Pois é tudo da lei”
E eles silenciavam. Pois a gente é do tamanho daquilo que a gente pensa.

Inspirações:

Peça teatral “Menor que o mundo”, baseada na obra de Drummond.
  Sociedade Alternativa (Raul Seixas).

quarta-feira, 28 de março de 2012






“E eu morrendo devagar, em silêncio, pelo caminho, entre uma esquina e outra.
Se você achar meu coração perdido pela cidade, devolva-me.”


Retirado do blog do espetáculo “Música para cortar os pulsos”.
Uma das coisas mais belas e marcantes que já presenciei.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Cor de lírio

   Acordada,  parou em frente à  janela grandona – vulgo ‘varanda’ – e olhou para o céu.  Viu o sol nascendo lá longe, mas tão perto...
   Sua luz invadiu a sala, o quarto e a alma.
   Deu às paredes a cor dada às laranjas. Cor de laranja.
   Mas em cima da mesa havia um vaso com lírios laranjas, e a cor dada às paredes então não mais era cor de laranja, e sim a cor dada aos  lírios. Cor de lírio.
   Acordada, viu a cor sendo dada às cortinas, lençóis, almofadas... E desenhos dourados foram se solidificando, depois se liquefazendo e se vaporizando pelos cantos da casa.
   Por um momento se perguntou se realmente estava acordada, ou se tudo aquilo era delírio. É que a cor dada aos lírios, a cor de lírio, é surrealmente linda.
   É linda a cor de lírio. Um delírio.

Inspirações:
Anitelli
Colcha de Retalhos (
Galldino Octopus)

sábado, 10 de março de 2012

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


(Alphonsus de Guimaraens)


Inspirações:
Aulas remotas sobre o Simbolismo, o episódio do “Tudo o que é sólido”, amigos, e principalmente, minhas poetisas preferidas: meninas de lua, de brilho, de luz.

sexta-feira, 2 de março de 2012

AMORTECEDOR

                                     AMOR
                                 A MORTE
                               AMOR TECE DOR
                             AMOR TECEDOR
                                     AMORTECE DOR
                                 A MORTE TECE DOR
                               AMOR:
                            AMORTECE A DOR
                                     AMORTECEDOR 
                                   AMOR...
                               A MORTE...

                    
Inspirações:
Ultrarromantismo e Modernismo.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sim

Tudo no mundo começou com um sim.
Mas, como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?
Antes do “Era uma vez...” já havia uma princesa, um sapo e uma bruxa; antes do homem havia o medo, antes do medo o amor, antes do amor a dúvida; antes do circo já havia a piada pintada em cada curva do rosto do pobre palhaço...
Contudo, não nos esqueçamos de que ainda é tempo de sol nascendo e brilhando alto.
Sim.
   
Inspirações:

 A hora da estrela (Clarice Lispector)
A primeira semana (O Teatro Mágico)
      Eu não sei na verdade quem eu sou (O Teatro Mágico)