quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Que música a Nina ouve?

Castello Branco
Esse cara tem uma atmosfera meio mística em torno dele, não sei explicar. O seu álbum intitulado "Serviço" é diferente de tudo que já escutei.

"Não há porque viver
Se não pra crer e ser crescendo sendo
Não há
Não há
Não há porque amar
Se não pra semear conhecimento"
(Castello Branco, "Crer-sendo")




Filipe Catto
Uma divindade. O que há de melhor na MPB. Seu EP intitulado "Saga" é impecável.  

"E agora andando, encharcado de estrelas
Eu cantei a noite inteira pro meu peito sossegar
Me fiz tão forte quanto o escuro do infinito
E tão frágil quanto o brilho da manhã que eu vi chegar"
(Filipe Catto, "Saga")




Leo Fressato
O Leo é poesia em forma de homem. Uma criatura apaixonante. Seu álbum "Canções para o inverno passar depressa" é de uma delicadeza indizível.

"Enquanto eu não conseguir te explicar
Que o que você tem para mim
Nada mais significa do que o fim
Do que o fim
O fim... De todo o desamor
O fim... De um jardim sem flor
O fim... Das lembranças do arpoador
O fim... Da falta de calor
Dos pés gelados no inverno"
(Leo Fressato, "Enquanto eu não")



Phill Veras
Voz, violão e letras lindas. De uma doçura singular. Escuto muito as suas músicas.

"Não temos um erro, um sequer
Que nós somos perfeitos
Desde os pés ao coração"
(Phill Veras, "Pode vir comigo")



Silva
Silva é capixaba (!) e mistura em suas canções elementos da música eletrônica (!?). Eu amo seu álbum de estreia, intitulado "Claridão", composto por músicas que conseguem te levar pra fossa e por outras que te ressuscitam. 

"Não quero o certo
Gosto mesmo do incerto
Pode ser belo o feio visto de perto
O avesso às vezes dá certo"
(Silva, "2012") 



 
Fred Sommer e Áureo Gandur 
Conheço duas músicas apenas. Mas essa abaixo vale por tudo o que eles já fizeram, fazem, ou vão fazer.

"Quero a arte que me cabe nesse esporte
Ser poeta de porte
Ser um atleta quem sabe de sorte"
(Fred Sommer e Áureo Gandur, "Jogador" )
 


5 a Seco e Chico César
O 5 a Seco é uma banda muito legal e seus integrantes também levam carreira solo. Deles, eu gosto muito do Vinicius Calderoni, suas letras são lindas. Nesta música, eles cantam com Chico César, e ficou sucesso.

"No dia que você chegou
Passei a querer viver
Morrendo, um pouco, às avessas
Até que nada aconteça
Somente eu e você
No mundo da minha cabeça"
(5 a Seco e Chico César, "No dia que você chegou") 


   

Vanguart
Amo essa banda. A voz do Hélio é ímpar e ainda tem uma violinista! O álbum "Boa parte de mim vai embora" é incrível.

"Tem dias que a vida é um ato de coragem (...)
Tirei a flecha do teu colo
Cuidei do ferimento ao coração (...)
Não te opõe ao curso de mim
Eu vou te amar como um raio
Que se opôs ao curso do céu"
(Vanguart, "Se tiver que ser na bala, vai")



Cícero
Uma ternura que só. Quase deprimente, sonolento, preguiçoso. Gosto muito. 

"Vem cuidar de mim
Vamos ver um filme, ter dois filhos
Ir ao parque
Discutir Caetano
Planejar bobagens
E morrer de rir"
(Cícero, "Vagalumes cegos") 




Zimbra
É uma banda muito boa! O álbum "O tudo, o nada e o mundo" traz músicas muito legais com uma levada pop-rock. 

"Mas, meu bem, não se altere
Todo mundo sabe que esse inverno é breve, e vai passar"
(Zimbra, "O tudo, o nada e o mundo")



Luís Kiari e Maria Gadú
Da Maria Gadú não gosto muito, mas o Luís Kiari... tem uma voz linda. Amo essa música.

"E assim no teu corpo eu fui chuva
Jeito bom de se encontrar
E assim no teu gosto eu fui chuva
Jeito bom de se deixar viver"
(Luís Kiari e Maria Gadú, "Quando fui chuva")




Toni Ferreira
Voz forte, intensa. Ele tem uma presença que só.

"Ai a gente aperta o passo
Dobra aquela esquina
Esquece aqueles que um dia
Nos fizeram tão mal"
(Toni Ferreira, "Olha só")




quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A escola segundo Drummond



Por uma escola que ensine a “ser” (livre, crítico, autônomo, cidadão, pensante), ao invés de apenas ensinar a “estar” (apto pra fazer uma prova, apresentar um trabalho, passar no vestibular).

Por uma escola que se preocupe em formar boas pessoas, ao invés de se preocupar apenas em formar bons (e ranzinzas e confusos) farmacêuticos, doutores, engenheiros.

Por uma escola que nos preencha, ao invés de nos esvaziar após um transbordamento...

Por uma escola que nos alimente, ao invés de nos engolir. Apenas.


* a imagem é trecho do poema “Como um presente” (Drummond).

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sobre a dança das cadeiras que nos derruba todos os dias

Naquela noite, a missão do pobre soldado-equilibrista era percorrer um caminho com pesadas malas nas costas e em uma das mãos um pires com uma cadeirinha de madeira.
Ele era equilibrista por um simples motivo: o caminho a ser percorrido não era em chão firme, mas sim através de cadeiras. Ele deveria ir pulando de cadeira em cadeira, sem cair e sem deixar as malas e o pires com a cadeirinha caírem. Quando chegasse ao fim do caminho com tudo intacto, ele cumpriria sua missão.
E assim ele foi: com os cabelos molhados de suor, os olhos translúcidos fixos no pires, o rosto petrificado de tanta angústia. O caminho foi tortuoso, e quando o soldado chegou na última cadeira do percurso sem ter caído e sem ter derrubado nada, ele abriu um sorriso angelical e seus olhos brilharam. Foi aí que a cadeirinha de madeira caiu do pires. E o diamante dos seus olhos se liquefez, e ele chorou. Havia sido derrotado. 

E eu fiquei pensando nas malas que carregamos todos os dias, nas cadeirinhas que temos que equilibrar, nos caminhos difíceis que temos que percorrer e no sacrifício que fazemos pra realizar tudo isso, sendo que muitas vezes o resultado é nulo. A gente nada um oceano pra morrer na praia.  

Eu sei que a vida depende do otimismo e das energias que mentalizamos.
Ainda assim, é preciso que esteja claro que na vida há caminhos que não se acessam, pessoas que não ficam e sonhos que não se realizam.
 
 
Inspiração:
Espetáculo teatral "Só", do grupo Sobrevento.
 
 
 











 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sobre o amor, flechas e arqueiros

O vídeo abaixo é de causar uma aflição incomensurável. 
Marina e seu marido se equilibram entre um arco e uma flecha apontada para o seu coração. Microfones registram suas respirações ofegantes. Com olhares fixos e posturas imóveis, tentam disfarçar um equilíbrio lancinante. 
Alguma semelhança com algum sentimento? 
Essa instabilidade, essa furtividade, essa metamorfose incessante de sensações sólidas para aquelas fluidas... 
O amor é cego, não acerta o alvo, é uma flecha torta e o arqueiro não é um atirador confiante. 
Por ser contraditório em sua essência, seria ele sólido em sua fluidez?


                                      
(Clique para ampliar)








Foto 1: Trecho do livro Música para cortar os pulsos, de Rafael Gomes. A frase entre aspas é de Shakespeare.
Foto 2 (e vídeo): Marina Abramović e Ulay, Rest Energy, 1980. 


[Da série "Abramović + MPCP: Parte 1"]

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quando eu conheci Marina Abramović,

ela fez com que eu me desligasse por completo do mundo por algumas horas.  
Sem relógio, sem celular, descalça e sem falar com ninguém, 
eu imergi em um mar de silêncio ensurdecedor,
andei muito L e n t a m e n t e ,
olhei fixamente para o nada.
Houve um esvaziameto e um transbordamento simultâneos.
Uma perda total de noção de tempo, espaço e sensações.
Um “adeus” ao nosso mundo conturbado.
Um “olá” ao meu próprio mundo - não menos conturbado.
Eu vi o silêncio, escutei a cor branca, senti as pulsações do andar...
Percebi que estar vivo e sentir isso, é uma dádiva.

 


Terra Comunal – Marina Abramović + MAI  *  Sesc Pompeia

 (Exposição e Método Abramović) até 10 de maio de 2015. 

 


Uma das etapas do Método.


Duas etapas do Método.


Sapatos de cristal de verdade! À esquerda, banheiras de camomila.


Um exercício infinito!
Esse primeiro cristal brilha por ele mesmo, lindo.


A artista sérvia Marina Abramović,

 uma das pioneiras da arte de performance e da arte "imaterial".


sexta-feira, 24 de abril de 2015

um raio cai duas vezes na frente da mesma pessoa


Uma semana depois.
Eu em outro metrô, com outro livro do Drummond.
Sentada em um banco. Olhando pra frente.
Pra uma moça que lia um livro. Do Drummond.
-parece mentira, mas não é-
Naquele momento, “sincronicidade” mudou de nome e virou “eu-não-acredito-que-isso-está-acontecendo-de-novo”.
O estranho é que dentro do vagão fazia um frio invernal, algo muito atípico.
E durante aqueles poucos minutos de inverno sobre trilhos, Drummond foi primavera.
Foi semente semeada, florescida e veranizada.  Ali, nas minhas mãos.

                                                                                                                                   Em 04/04/2015.


terça-feira, 31 de março de 2015

Drummond me sorriu

Hoje no metrô, eu lia um livro de poesias do Drummond.
Em certa estação, entrou no vagão um sujeito que se sentou do meu lado, tirou da mochila um livro e começou a ler. De quem era o livro? Do Drummond.
Tudo bem que a vida é cheia de sincronicidades, mas essa foi especialmente notável.
Eu senti que naquele vagão, Drummond estava presente, nos acompanhando. Ele viajando conosco, a gente viajando através dele.
Em silêncio. Um silêncio cheio de paz e alegria, que emudeceu o barulho da metrópole confinada entre aquelas paredes.
Hoje, Drummond me sorriu. Eu vi.


quarta-feira, 25 de março de 2015

Saint-Exupéry me ensinou

 

Se tu vens em maio, desde abril começarei a ser feliz.
 Mas ainda é março.
  E eu já comecei a ser.