quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Tudo e o Nada

Inspirações poéticas, filosóficas, literárias e musicais sobre essas coisas tão contraditórias...


“Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada”.
(Trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector)

*** 

 “Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia. Mas tudo cabe numa palavra, nesta palavra tudo.”
(Trecho do livro As coisas, de Arnaldo Antunes)

*** 

“És como um pássaro que eu subjugo, como um pão
Que eu mastigo, como uma secreta fonte entreaberta
Em que bebo, como um resto de nuvem
Sobre que me repouso. Mas nada
Consegue arrancar-te à tua obstinação
Em ser, fora de mim - e eu sofro, amada
De não me seres mais. Mas tudo é nada.”
(Trecho do poema O amor dos homens, de Vinicius de Moraes)

*** 

“O tudo é uma coisa só.”
(Nome de uma das músicas d’O Teatro Mágico)

***

“Na verdade nada
É uma palavra esperando tradução.”
(Trecho da música Piano Bar, dos Engenheiros do Hawaii)


*** 

 “Spinoza achava que todas as coisas físicas que nos cercam ou que acontecem à nossa volta são manifestações de Deus, ou natureza. O mesmo vale para todos os pensamentos que são pensados. Assim, todos os pensamentos que são pensados também são pensamentos de Deus, ou natureza. Pois tudo é uma coisa só. Tudo é um.

“Podemos ser levados a experimentar, de forma pura e cristalina, o fato de que tudo está relacionado; o fato de que tudo é um. Nosso objetivo é abarcar, num único golpe de vista, tudo o que existe. Spinoza chamava isto de ver as coisas sub specie aeternitatis.
- E o que significa isto?
- Significa ver as coisas sob a perspectiva da eternidade.”
 (Trechos de O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder)

sábado, 5 de maio de 2012

Trabalho, trabalho...

Inspirações poéticas, sociológicas e musicais sobre o "Trabalho", em homenagem ao seu dia:

“E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.”


(Trecho de O operário em construção, de Vinicius de Moraes)

***

“Para A. Marshall, a verdadeira distinção do homem que trabalha, em contraste com o nobre, não seria o fato de trabalhar, nem o fato de trabalhar com as mãos, tampouco o fato de ser assalariado ou de estar sujeito à disciplina superior. O que o distinguiria seria o efeito do trabalho sobre ele. Portanto, sua preocupação era com a brutalização do homem, ele acreditava que em uma sociedade avançada todo homem poderia ser um cavalheiro.”
(Trecho de A atualidade de T. H. Marshall no estudo da cidadania no Brasil, de Lea Guimarães Souki).

***

“O metrô parou
O metro aumentou
Tenho medo de termômetro
Tenho medo de altura
Tenho altura de um metro e tanto
Me mato pra não morrer
Minha condição, minha condução
Meu minuto de silêncio
Meus minutos mal somados
Sadomasoquismo são
Meu trabalho mais que forçado
Morrendo comigo na mão
Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que fomos
E com aquilo que somos nós”


(O Mérito e o Monstro d’O Teatro Mágico)