Uma vez, assisti a um filme chamado Coisas que perdemos pelo caminho. Melhor do que o filme, é o título dele. Porque há metafísica bastante em pensar nas coisas que perdemos pelo caminho.
Uma rua pode te conduzir a uma cidade
nova, e quando se vê você perdeu sua bagagem.
Uma viela pode te conduzir a uma escola
estranha, e quando se vê você perdeu seus amigos antigos.
O mar, aquele cigano oblíquo e
dissimulado, cobiça teu caminho enquanto tu andas pelas areias, e leva de ti
seus passos, suas paisagens, a areia dos seus pés e da sua voz.
Roupas, livros, casas, almofadas,
cartas, músicas, pessoas, sons, rostos, feições, lembranças... Coisas frágeis
diante das escolhas que fazemos, e tadinhas, candidatas a serem menores
abandonadas amanhã de manhã.
Mas não pensemos nisso. Gargalhemos,
pois Deus é riso.
Vejamos um filme, uma peça de teatro. Escutemos
uma música. Pois a arte existe porque a vida não basta.
E se der, olhemos para o céu, porque se bobear,
hoje tem luar, tem claridão.
22/12/13