O vídeo abaixo é de causar uma aflição incomensurável.
Marina e seu marido se equilibram entre um arco e uma flecha apontada para o seu coração. Microfones registram suas respirações ofegantes. Com olhares fixos e posturas imóveis, tentam disfarçar um equilíbrio lancinante.
Alguma semelhança com algum sentimento?
Essa instabilidade, essa furtividade, essa metamorfose incessante de sensações sólidas para aquelas fluidas...
O amor é cego, não acerta o alvo, é uma flecha torta e o arqueiro não é um atirador confiante.
Por ser contraditório em sua essência, seria ele sólido em sua fluidez?
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Foto 1: Trecho do livro Música para cortar os pulsos, de Rafael Gomes. A frase entre aspas é de Shakespeare.
Foto 2 (e vídeo): Marina Abramović e Ulay, Rest Energy, 1980.
[Da série "Abramović + MPCP: Parte 1"]