domingo, 3 de maio de 2020

Poesia que transforma, por Bráulio Bessa

Sempre que eu vou a alguma livraria, o livro “Poesia que transforma”, do Bráulio Bessa, está no mostruário de “mais vendidos” - e isso acontece já há um bom tempo. O fato do autor apresentar suas poesias na televisão colabora com tal popularidade, mas o livro tem seus méritos.
As páginas intercalam poesias e relatos em prosa em primeira pessoa sobre a vida do autor, compondo quase uma autobiografia. Pra mim, esse foi o pulo do gato: misturar as duas coisas deixou o conjunto menos maçante e mais fácil de ler. Se lembrarmos que a poesia é um gênero pouco lido e aclamado pelas pessoas, a estratégia usada para compor a obra foi certeira. A união de dois gêneros textuais, sendo um pouquíssimo apreciado e outro mais palpável resultou em um livro que, antes de ser bom, é um livro esperto. Dá pra entender o motivo pelo qual ele está sempre entre os mais vendidos: ele é formatado para atingir as grandes massas.
Com linguagem simples e acessível, as poesias são fáceis de ler e falam sobre diversos assuntos. Destaco o caráter pé no chão do texto, que consegue desfazer a suposta névoa de complexidade que muitos atribuem ao gênero poético.
 Porém, a minha parte preferida do livro foram os relatos em prosa, onde fica evidente o amor que o autor sente pela poesia, e onde percebemos a força que pode emanar dela.
Se você não gosta de poesia e quer tentar ler alguma coisa, esse livro pode ser um bom caminho. Na verdade ele pode ser um bom caminho para qualquer um que queira iniciar o hábito da leitura.    
Apesar de ter gostado do livro como um todo, as poesias não me tocaram tanto, senti que os temas se repetiram muito e também senti que faltou um pouquinho de lirismo. Porém, isso não é de todo ruim, pois isso me ajudou a perceber, após tantos anos lendo o gênero, qual é o tipo de poesia que mais me agrada.
Mesmo não tendo ficado tão comovida poeticamente falando, fico muito feliz em ver o sucesso de um autor brasileiro realizando a façanha de incentivar a leitura de poesia em tanta gente. Praticamente um herói.   



                                   
                                                                                                                        Março de 2020.

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